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Louise Glück: nunca ouvi falar na poeta vencedora do Nobel. E agora? / Louise Glück: never heard of the Nobel winning poet. And now?

09/10/2020

Louise Glück: nunca ouvi falar na poeta vencedora do Nobel. E agora?

A poeta Louise Glück, dos Estados Unidos, é a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2020. Não conhece a escritora? Como assim você não conhece Louise Glück? Calma, estou brincando. Toda semana de Nobel é a mesma história. Quando reportamos os favoritos nas casas de apostas, indicamos nossas torcidas e, enfim, anunciamos os vencedores, sempre aparece o povo do "nunca ouvi falar". Maryse Condé liderando o bolão: "não conheço". Torcida para Ngugi Wa Thiong'o: "quem é esse?".

Láurea para Olga Tokarczuk: "escritora obscura, desconheço".

O pessoal do "nunca ouvi falar" se divide em duas vertentes. Uma acredita que o mundo que merece ser conhecido se limita exatamente ao que já conhece. Frases como "afeee, nem sei quem é, andam premiando cada escritorzinho..." denunciam o tipo. Já os leitores da outra vertente partem da constatação do desconhecido para seguir caminho oposto. Desesperam-se. Flagelam-se nas redes.

Portam-se como se todo leitor digno tivesse que conhecer absolutamente tudo o que presta de literatura neste mundo (nem tudo o que leva o Nobel presta, mas esse é papo pra outra hora). Não há muito o que dizer ao primeiro tipo. Se o cidadão ou cidadã crê na onisciência umbilical, paciência; que fique alimentando a ignorância em seu canto. Para o segundo, minha mensagem é de paz: calma, amizade, calma. Ninguém conhece todo mundo que já ganhou, que merece ganhar ou que mereceria pelo menos uma atenção da Academia Sueca. Ninguém mesmo. Pode ter certeza, até Harold Bloom e Antonio Candido não leram alguns grandes autores ao longo de suas vidas.

Quando o nome de Louise Glück foi anunciado, a primeira reação de muito leitor bom pra caramba foi: olha só, bora descobrir a poesia dela! Estou junto.

Só não vou falar que a norte-americana de 77 anos que se tornou a 16ª mulher a vencer o Nobel era completamente desconhecida para mim porque já tinha trombado com o nome dela em listas de apostas. E Louise não é mesmo um nome familiar aos leitores brasileiros.

Seus livros ainda não saíram por aqui, e apenas alguns poemas ganharam traduções publicadas em veículos como o Jornal Rascunho (há dois deles mais adiante). Ela estreou na poesia em 1968 com "Firstborn". De sua produção, destacam-se títulos como "The Wild Iris", de 1992, que lhe valeu o Pulitzer, e "Faithful and Virtuous Night", de 2014, vencedor do National Book Award.

Uma boa porta de entrada para o trabalho da agora Nobelpode ser a coletânea "Poems: 1962 - 2012".

Ao anunciar a vencedora, a Academia Sueca justificou a escolha com uma série de clichês. Apontou que Louise levava o galardão e a grana por conta de "sua voz poética inconfundível que, com beleza austera, torna universal a existência do indivíduo". Não diz muito.

São palavras que encontramos na orelha de centenas de livros de poemas. Anders Olsson, porta-voz do comitê do Nobel, pintou a norte-americana como uma artista sagaz e cheia de humor, dona de um estilo claro e comparável à compatriota Emily Dickinson em sua severidade e relutância em aceitar uma fé qualquer.Passeando por críticas a resenhas, captamos algumas das preferências temáticas de Louise: a infância, a família, a solidão, a morte...

Há também um profundo interesse pelos mitos gregos e romanos, com um novo olhar para histórias de personagens como Perséfone e Aquiles. Então, uma vez mais: não conhece Louise Glück?

Calma, você não está sozinho. Se chegou até aqui, já tem uma ideia melhor quem é a nova Nobel. E deixo os dois poemas prometidos da norte-americana. Foram traduzidos por André Caramuru Aubert e publicados na edição de junho de 2016 do Rascunho (há outros poemas da autora por lá, vale conferir):

O trem de Chicago

Ao meu lado por toda a viagem Mal se movendo: apenas um Senhor com sua caveira Entediada do lado de lá do apoio de braço enquanto o garoto Apoiou a cabeça entre as pernas de sua mãe e dormiu. O veneno Que substitui o ar tomou conta. E eles se sentaram -- como se a paralisia que precede a morte Houvesse os pregado ali. Os trilhos se viraram para o sul. Eu vi sua virilha pulsando? os piolhos agarrados ao cabelo do bebê.

Portland, 1968

Você fica firme como ficam as rochas que o mar alcança em ondas transparentes de desejo; elas estão arruinadas, finalmente; tudo o que está preso está arruinado. E o mar triunfa, como tudo o que é falso, tudo o que é fluente e feminino. De trás, uma lente se abre para o seu corpo. Por que você deveria se virar? Não importa quem é a testemunha, por causa de quem você está sofrendo, por quem você fica firme.

Veja mais em https://www.uol.com.br/splash/colunas/pagina-cinco/2020/10/08/louise-gluck-nunca-ouvi-falar-na-poeta-vencedora-do-nobel-e-agora.htm


Louise Glück em ilustração para a divulgação do Nobel. Imagem: Divulgação
Louise Glück em ilustração para a divulgação do Nobel. Imagem: Divulgação


Louise Glück: I never heard of the Nobel winning poet. And now?

The poet Louise Glück, from the United States, is the winner of the 2020 Nobel Prize for Literature. Don't you know the writer? How come you don't know Louise Glück? Calm down, I'm kidding. Every Nobel week is the same story. When we report the favorites in the bookmakers, we indicate our fans and, finally, we announce the winners, the people of "never heard of" always appear. Maryse Condé leading the ball: "I don't know". Cheering for Ngugi Wa Thiong'o: "who is this?"

Laureate for Olga Tokarczuk: "obscure writer, I don't know".

The "never heard of" people are divided into two parts. One believes that the world that deserves to be known is limited to exactly what it already knows. Phrases like "afeee, I don't even know who they are, are rewarding each little writer ..." denounce the type. Readers on the other hand, on the other hand, start from the discovery of the unknown to follow the opposite path. They despair. They flog themselves in the nets.

They behave as if every worthy reader had to know absolutely everything that literature provides in this world (not everything that the Nobel takes is useful, but this is talk for another time). There is not much to say to the first type. If the citizen believes in umbilical omniscience, patience; that keeps feeding ignorance in its corner. For the second, my message is one of peace: calm, friendship, calm. No one knows everyone who has won, who deserves to win, or who would at least deserve attention from the Swedish Academy. Nobody at all. You can be sure, even Harold Bloom and Antonio Candido have not read some great authors throughout their lives.

When Louise Glück's name was announced, the first reaction of a very good reader was: look, let's discover her poetry! I'm together.

I'm just not going to say that the 77-year-old American who became the 16th woman to win the Nobel Prize was completely unknown to me because she had already run into her name on betting lists. And Louise is not even a name familiar to Brazilian readers.

His books have not yet come out here, and only a few poems have been translated into publications such as Jornal Rascunho (there are two of them later). She debuted in poetry in 1968 with "Firstborn". Of his production, titles like "The Wild Iris", from 1992, which earned him the Pulitzer, and "Faithful and Virtuous Night", from 2014, winner of the National Book Award, stand out.

A good gateway to the work of the now Nobelpode is the collection "Poems: 1962 - 2012".

In announcing the winner, the Swedish Academy justified the choice with a series of clichés. He pointed out that Louise took the prize and the money because of "her unmistakable poetic voice that, with austere beauty, makes the individual's existence universal". It doesn't say much.

These are words that we find in the ears of hundreds of books of poems. Anders Olsson, spokesman for the Nobel committee, painted the American woman as a canny and humorous artist, owner of a clear style and comparable to compatriot Emily Dickinson in her severity and reluctance to accept any faith. to reviews, we capture some of Louise's thematic preferences: childhood, family, loneliness, death ...

There is also a deep interest in Greek and Roman myths, with a new look at stories of characters like Persephone and Achilles. So, again: don't you know Louise Glück?

Easy, you're not alone. If you've made it this far, you already have a better idea of ​​who the new Nobel is. And I leave the two poems promised by the American. They were translated by André Caramuru Aubert and published in the June 2016 edition of Rascunho (there are other poems by the author there, worth checking out):

The Chicago Train

Beside me for the entire journey Barely moving: just a Lord with his skull bored beyond the armrest while the boy rested his head between his mother's legs and slept. The poison that replaces air has taken over. And they sat down - as if the paralysis that precedes death Had nailed them there. The tracks turned south. Did I see your groin pulsing? lice clinging to the baby's hair.

Portland, 1968

You stand as firm as the rocks that the sea reaches in transparent waves of desire; they are ruined, finally; everything that is stuck is ruined. And the sea triumphs, like everything that is false, everything that is fluent and feminine. From behind, a lens opens to your body. Why should you turn around? It doesn't matter who the witness is, because of who you're suffering from, who you're standing by.

See more at https://www.uol.com.br/splash/colunas/pagina-cinco/2020/10/08/louise-gluck-nunca-ouvi-falar-na-poeta-vencedora-do-nobel-e -now.htm



Artistas e Residentes locais utilizam da Beleza Historica como Palco, apresentado assim ao ar livre no meio de Ruínas a História de Cristo.

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